Assembléia de Deus Missão Brasil: janeiro 2017

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A DOUTRINA DO DÍZIMO

Ofertando a Deus o que é de Deus

Definição do termo Dízimo

A palavra hebraica para “dízimo” (ma’aser) significa literalmente “a décima parte”.
No âmago do dízimo, achava-se a ideia de que Deus é o dono de tudo (Êx 19.5; Sl 24.1; 50.10-12; Ag 2.8). Os seres humanos foram criados por Ele, e a Ele devem o fôlego de vida (Gn 1.26,27; At 17.28). Sendo assim, ninguém possui nada que não haja recebido originalmente do Senhor (Jó 1.21; Jo 3.27; 1Co 4.7). Nas leis sobre o dízimo, Deus estava simplesmente ordenando que os seus lhe devolvessem parte daquilo que Ele já lhes tinha dado.
Há quem pense que dízimo seja um costume e como tal seu uso não deveria existir na igreja.
Como sabemos doutrina das Escrituras Sagradas são definida como as verdades fundamentais da Bíblia dispostas de forma INALTERÁVEL, pois a Palavra de Deus não se modifica de acordo com o tempo ou de acordo com as circunstâncias. Mt 24.35; Mc 13.31; Lc 21.33.
Costumes por sua vez são uso, hábito ou prática geralmente observada, fazem parte da identidade de uma instituição ou um povo sem uma obrigatoriedade definida.
Assim sendo podemos dizer que: a doutrina é divina o costume é humano, a doutrina é geral o costume é local, a doutrina é imutável o costume é temporário.
O dízimo é uma doutrina porque é ensinada na Bíblia, foi aprovado e exigido pelo próprio Deus através de seus Profetas, e é observada por todos que amam e adoram a Deus.
O ensino da doutrina do dízimo está na Lei de Deus, os israelitas tinham a obrigação de entregar a décima parte das crias dos animais domésticos, dos produtos da terra e de outras rendas como reconhecimento e gratidão pelas bênçãos divinas (ver Lv 27.30-32; Nm 18.21,26; Dt 14.22-29).

O dízimo está acima da Lei
A pergunta que mais ouço como pastor é: Jesus pagava o dizimo? Sempre respondo; em vida aqui na terra, ele tinha a carpintaria dele, e assim como ele foi fazer a oferta no templo quando era jovem, assim também ele quando adulto, era um bom dizimista e um bom ofertante porque além de tudo era judeu, que são fiéis a Deus.
E no livro de Mateus cap. 23 vers. 23 ele nos ORDENA  A DIZIMAR quando diz:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém fazer estas coisas, a justiça, a misericórdia e a fé, sem omitir aquelas ou seja, dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho. Jesus esta dizendo que eles tinham que dar o dízimo das mínimas coisas para ajudar a obra de Deus, mas não podiam esquecer aquelas outras que eram para ajudar também as pessoas necessitadas.
O que a Bíblia ensina sobre a doutrina do dízimo? O Dízimo seria uma lei moral ou cerimonial? Para quem deve ser entregue e como deve ser aplicado o dízimo? Foi pensando nessas questões que elaboramos este estudo. É através desta doutrina que veremos  que o dízimo sempre esteve relacionado ao sacerdócio e teve finalidades diferentes em momentos diferentes da história. As finalidades para o dízimo foram determinadas em função da estrutura social e do tipo de administração religiosa de cada época.
Antes de continuar surge uma questão: A graça vai além da lei: porque só nesta questão do dízimo, ela ficaria aquém da lei?
O Dízimo está antes da Lei. 2.000 anos antes de Cristo e 700 anos antes da Lei. Abraão, o patriarca, pagou o Dízimo de tudo ao sacerdote Melquisedeque, rei de Salém, rei da Justiça. Hebreus 7:1/2; Gênesis 14:18/20.
O Dízimo está na lei de Deus. 1.300 anos antes de Cristo. Deus ordenou que seus filhos trouxessem o Dízimo, oferta alçada, oferta voluntária, holocaustos e outros votos, ao lugar de culto. Deuteronômio 12:5-6, Deuteronômio 12:11; Deuteronômio 14:22.
Existe uma passagem em Gênesis 14.20 que diz: E de tudo lhe deu Abrão o dízimo e, é usada para defender a prática do dízimo como acima da lei. Eis o argumento: Abrão deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém, antes da Lei ser estabelecida. Logo o dízimo é antes da Lei. Portanto o dízimo perdura após o fim da Lei.
Segundo a bíblia: Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou; e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. Em primeiro lugar, seu nome significa "rei de justiça"; depois, "rei de Salém" quer dizer "rei de paz". Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.
Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos! A lei requer dos sacerdotes dentre os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes sejam descendentes de Abraão. Este homem, porém, que não pertencia à linhagem de Levi, recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas. Hebreus 7:1-6.
É um fato que Abraão deu o seu dízimo, e, deu aquém não era da tribo de Levi. Abraão o fez como ato de fé, com essa sua atitude ele reconhecia que sua vida bem como toda terra era propriedade oficial do Senhor, e todos os benefícios concedidos vinham do Criador. Abraão recebeu uma bênção e em seguida deu o dízimo, e aparentemente fez isto por um costume da sociedade, e se, era costume podemos entender que tal costume era um mandamento divino. A atitude de Abraão foi um ato voluntário e envolvia com certeza mais do que dinheiro. Era sua atitude de fé em crer que Deus era seu provedor, sustentador e que o livrará de todo mal.
Abraão recebeu uma bênção e em seguida deu o dízimo como prova de seu amor e fé.
Podemos também, citar o exemplo de Jacó em dizimar. E o fez como promessa baseada na sua fé. Como está escrito: E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. Gênesis 28:22. É certo que as escrituras não esclarecem se Jacó de fato o cumpriu. Porém, não nos dar motivo para duvidar.  

De qualquer maneira, estes dois exemplos esclarecem que o dízimo já existia antes da lei e como sempre era um ato voluntário de fé em Deus.  
Como podemos observar esses registros nos mostrar que os tais dízimos eram dados em bens e lucros. Validando assim, o dizimar sobre os seus lucros como foi no caso de Abraão e Jacó. Os que procuram tornar o dízimo estritamente baseado num sistema agrário (terra), dentro de um governo teocrático e uma sociedade agrícola. Estão errados! Porque, como podemos observar esse não foi o caso de Abraão e Jacó que dizimaram antes de existir a lei e dizimaram para sacerdotes que não eram da tribo de Levi. Afinal, Jacó e Abraão existiram antes da tribo de Levi.
O que podemos dizer é que, quer queiram ou não, o dízimo estritamente baseado em bens e lucros (dinheiro), É obrigatório e rotineiro, pelo fato de ter existido antes da lei como vermos na vida de Abraão e Jacó. Podemos afirmar que o dízimo tem tanta importância que foi ordenado muito antes dos Dez Mandamentos, e se era importante antes da Lei, e foi também durante a Lei, por que não seria também depois da Lei? Podemos ver o quanto o dízimo e sua pratica é importante no fato de que o próprio Deus nos convida a fazermos prova com Ele exatamente na parte financeira dos nossos ganhamos. Certamente está é a parte mais difícil para muitos. Como está escrito: Trazei todos os dízimos à CASA DO TESOURO, para que haja MANTIMENTO na Minha Casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. Malaquias 3:10. Assim sendo, podemos dizer que, o ato de dizimar SEMPRE foi feito para honrar a Deus.
O dízimo é anterior à lei e não foi revogado por Jesus
Há muitas pessoas que creem que o dízimo não é mais um encargo sobre os crentes porque é um mandamento do Antigo Testamento que não está especificamente repetido no Novo Testamento.
Eles tentam invalidar a passagem de Gênesis 14.20 que é usada para defender a idéia de que o dízimo e superior a lei. Para isso eles usam o argumento que Deus fez uma aliança com Abraão e sua descendência através da circuncisão.
7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança. Gênesis 17:7-14.
Porém, esse argumento é fraco e inútil pelo fato do pacto da circuncisão ainda ser válido. Mas, para os descendentes de Abraão, os israelitas. No Novo Testamento, a palavra circuncisão também era usada para apontar para aqueles que eram Israelitas. Atos 10:45. O termo, porém, ganha um significado mais profundo nas cartas de Paulo, onde ele introduz o conceito de “circuncisão do coração”, que significa uma conversão genuína, baseada na fé e na obediência a Jesus Cristo. Deus não requer mais de nós, os não Judeus,  um sinal feito na carne, mas sim um sinal feito no nosso coração.
Já a Prática do dízimo é defendida pela nova aliança na pessoa de Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo que é a figura do Filho de Deus para quem devemos pela fé dar nossos dízimos e ofertas para continuação de Sua obra na terra.
Embora o dízimo fosse parte do pacto de Israel no Antigo Testamento, não creio que tudo que Deus exige de seu povo no Antigo Testamento esteja cancelado, principalmente se o Novo Testamento silencia a respeito. Isto porque, se o dízimo foi cancelado deveríamos ter um ensino explícito no Novo Testamento afirmando que o dízimo não está mais em vigor. O dízimo era uma responsabilidade central na economia da velha aliança, e teria sido transportado, principalmente quando entendemos que a comunidade da nova aliança foi estabelecida principalmente entre judeus, que continuariam a praticá-lo, a não ser que lhes dissessem que o dizimo não era mais necessário. Eu diria que na ausência de uma palavra de repúdio, o dízimo continua válido no Novo Testamento.
Quando Jesus estava na terra, e a nova aliança ainda não tinha sido estabelecida, ele elogiou os fariseus por seus dízimos. Eles dizimavam a hortelã e o cominho, o que significa que eles dizimavam até as menores coisas. A maioria dos dízimos no Antigo Testamento era paga com bens da agricultura ou do rebanho, porque os Israelitas eram uma sociedade agrária. Mas os fariseus eram tão escrupulosos a respeito de dar os dez por cento a Deus que, se plantavam um pouco de salsa no quintal, eles dizimavam isso também. É como se você achasse dez centavos no chão e fizesse questão de entregar um centavo a Deus. Jesus disse que esses homens eram tão escrupulosos que pagavam até o último centavo, e Jesus os cumprimentou por isso. Lucas 11.42.

Base Teológica para o Dízimo

No Antigo Testamento
A problemática começa quando alguns teólogos dizem: o Antigo Testamento foi abolido. Sabemos porém, que Deus deu por herança aos levitas os dízimos de Israel, em vez da terra. Josué 13:14; Deuteronômio 10:6-9; 18:1-5, Números 18:21-24. Também compreendemos que o dízimo foi instituído antes da lei. O ato de dizimar era tão sagrado e comum que os próprios levitas davam os dízimos dos seus dízimos e ofertas aos sacerdotes. Neemias 10:38, Números 18. Assim, entendemos que o dízimo era algo muito sério e sagrado.
Há vários versículos que dão validade ao dízimo no Antigo Testamento, para não fica demais cansativo destaco o seguinte:
Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo.
E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.
E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado;
Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus;
E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;
Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.
Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas;
Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Deuteronômio 14:22-29
Na lei, havia uma exceção para se converter o dízimo em dinheiro. Nessa antiga exceção, poder-se-ia vender o dízimo da produção da terra em circunstâncias específicas, para se gastar o dinheiro no que se desejasse, contanto que isso fosse compartilhado com o sacerdote, no caso o levita local. Deuteronômio 14:24-27.

No Novo Testamento
No Novo Testamento não existe uma passagem Bíblica que mande devolver o dízimo; mas há passagens que confirmam. Não há nada no Novo Testamento que rejeite a prática do dízimo. Como vimos anteriormente, não foi preciso repetir de modo direto este mandamento porque era uma prática tão comum que não necessitava de lembrar as pessoas.

Alguns textos que mencionam o dízimo no Novo Testamento:
Lucas 18:12: “Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”.
Neste contexto, Jesus condenou a justiça própria dos fariseus e não o ato de devolver o dízimo. Os fariseus usavam o dízimo como meio de adquirir a misericórdia de Deus.

Mateus 23:23 – Lucas 11:42.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23:23).

Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas” (Lucas 11:42).

Jesus não disse aos fariseus para não dar o dízimo; Ele disse que eles deveriam “fazer estas coisas sem omitir aquelas”, praticar a justiça, a misericórdia e a fé juntamente com devolução do dízimo. Jesus de modo claro confirmou a validade da prática de devolver o dízimo. Esta prática só terá valor se exercermos um bom caráter e nos lembrarmos de ajudar aos órfãos e necessitados. Devolver o dízimo sem demonstrar misericórdia para com o semelhante não é frutífero para a vida do cristão.

1 Coríntios 9:13-14.
Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho”. 1 Coríntios 9:13-14. Aqui Paulo traça um paralelo entre os levitas do Antigo Testamento e os obreiros do Novo Testamento, e implicitamente endossa a prática do dízimo. O Dízimo é designado por Deus para a pregação do evangelho. Se não fosse o sistema de dízimos, não teríamos pastores e obreiros de dedicação exclusiva à pregação do evangelho, presidindo e conduzindo a igreja a cumprir a missão deixada por Cristo de ir e pregar o evangelho a toda gente, de todas as nações, tribos e línguas (Mateus 28:19, 20). É graças ao sistema de dízimos que a igreja pode fornecer cursos Bíblicos gratuitos às pessoas e outros materiais. Muitos não teriam conhecido as boas novas da salvação se não fosse o ato liberal e desprendido dos irmãos em separar o dízimo. Jesus nunca condenou o dízimo, mas o seu mau uso.
No Novo Testamento, não há nova regra para o dízimo. Jesus não condenou nem ab-rogou essa prática; apenas criticou o comportamento hipócrita dos religiosos que davam dízimo para se autopromoverem, sonegando o mais importante da Lei: o juízo, a misericórdia e a fé Mateus 23.23.
O cristão que entrega o dízimo demonstra ter visão espiritual, fé nas promessas de Deus, compromisso com a igreja, com sua liderança e com a causa do evangelho, e será ricamente abençoado pelo Senhor.
Quando o Novo Testamento se refere a dar, fala em dar da sua abundância e do espírito de gratidão do seu coração. Sempre que as duas alianças ou pactos são comparados, particularmente no livro de Hebreus, somos ensinados que o Novo Testamento é uma aliança muito mais rica. Os benefícios que recebemos como cristãos, excedem em muitos os benefícios que o povo da velha aliança gozava. Mas também se segue que as responsabilidades do povo do Novo Testamento também excedem as responsabilidades do povo do Antigo Testamento.

Além do exemplo dos Israelitas doando dinheiro para o Templo, há exemplos de doações no Novo Testamento que podem ser usados para sustentar a doutrina do dízimo. Romanos 15:27 diz:  “Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos Judeus, devem também servi-los com bens materiais.” Este versículo essencialmente diz que os crentes não Judeus devem ser tão gratos pela bênção espiritual de conhecer o Messias Judeu que deveriam ser motivados a “devolver” financeiramente esta benção aos pobres entre o povo Judeu.  1 Coríntios 16:1-2 diz: “Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não se façam coletas quando eu for.” Estes dois exemplos lidam com o mesmo contexto em que Paulo estava levantando dinheiro de suas congregações para ajudar os pobres em Jerusalém.
Com base nestes versos, podemos até dizer que o dízimo nos moldes que nós temos no Antigo Testamento não é mais aplicável nos nossos dias como forma agraria e cerimonial. No Novo Testamento nós temos as ofertas voluntárias para sustentar a obra de Deus além o dízimo como foi praticado por Abraão e Jacó que dizimaram os seus lucros.
A Epístola aos Hebreus, principalmente os capítulos 9 e 10, deixa bastante claro que todas as cerimônias do Antigo Testamento foram abolidas com a vinda de Cristo, pois elas apenas tipificavam Aquele que viria, eram sombras da realidade que é Cristo. Além dessa epístola, Paulo fala constantemente sobre a abolição das cerimônias do Antigo Testamento no Novo Testamento, como em Gl.4.8-11, Cl.2.8-23, . Assim, a questão é determinar se o dízimo fazia parte da lei cerimonial ou da lei moral. A lei moral é permanente (Mt.5.17-18) e a cerimonial, como sabemos, é transitória. Assim, dependendo de onde o dízimo se encaixa, ele é válido ou não para os dias de hoje. Quando analisamos o Antigo Testamento percebemos que o dízimo estava totalmente amarrado ao sistema do sacrifício daquele tempo, e havia vários tipos de dízimo como cerimonial. Lv 27.32; Nm 18.21-28; Dt 12.6-17; 14.22-28; 26.12.
Porém, a doutrina do dízimo faz parte da lei moral! Porque, o não pagamento do dízimo é tido como roubo. Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Ml.3.9.
É exatamente por isso que Jesus disse que não veio anular a lei, mas cumprir. Se Cristo tivesse anulado a lei moral Ele também teria anulado de uma vez por todas o pecado e por sua vez o dízimo que está relacionado com a lei moral e não cerimonial.
Deus não invoca a transgressão de uma lei cerimonial. Ele afirma que o povo estava incorrendo em pecado de roubo. Isso é inegavelmente uma questão moral. O Senhor aponta que o povo estava retendo o que lhe pertencia. Reter o que pertence à alguém é uma transgressão do oitavo mandamento, que diz claramente: “Não furtarás” (Ex.20.15). Nunca vi ninguém defender a abolição ou extinção desse princípio na Nova Aliança. Há sim, mandamentos cerimoniais regulando a forma como o dízimo deveria ser praticado no contexto do antigo Israel. São essas ordenanças que não tem força de lei, embora tenham valor didático para a igreja. A extinção da forma não significa extinção do princípio.
O princípio do dizimo traz consigo muito mais do que a manutenção das práticas religiosas da velha aliança. Dizimar é reconhecer a propriedade divina, por isso Deus se considera roubado, pela retenção de tais recursos por parte do povo. Quando dizimamos estamos na verdade dizendo: Pai, tudo vem de ti, pois tudo é teu e do muito que o Senhor nos dá, devolvemos um pouco do que te pertence. Tal reconhecimento é demonstração de gratidão e fé.
O dízimo tem tanta importância que foi ordenado muito antes dos Dez Mandamentos, e se era importante antes da Lei, e foi também durante a Lei, por que não seria também depois da Lei? Podemos ver o quanto ele é importante pelo fato de que o próprio Deus nos convida a fazermos prova com Ele exatamente na parte financeira.
Dito isso, é importante mencionar que, atualmente, muitos “cristãos” estão prontos para negar a validade do dízimo para os nossos dias, não porque querem dar mais, mas porque querem dar menos, ou até mesmo nada. Para esses eu digo que quem supostamente se converteu ao Senhor, mas não converteu o seu bolso, deve reavaliar sua conversão. O cristão reconhece que não apenas 10% do seu salário pertencem ao Senhor, mas todos os seus bens. Assim, o verdadeiro cristão faz planejamentos financeiros para não gastar em coisas supérfluas, a fim de poder contribuir com o máximo possível para o Reino de Deus, voluntariamente. O verdadeiro cristão não busca viver uma vida de luxo, pois seu deus não é o dinheiro, e sim o Senhor, a quem Ele coloca em primeiro lugar.
Tomemos como exemplo a contribuição da igreja primitiva. A viúva no templo deu tudo o que tinha (Lc.21.1-4). Os primeiros cristãos vendiam propriedades e depositavam todo o valor aos pés dos apóstolos (At.4.34-37). Os pobres da Macedônia contribuíram acima de suas posses (II Co.8.1-3). Esse é o padrão que o cristão deve seguir.
Devemos também lembrar que os pastores que Deus designou para pastorearam o rebanho precisam de sustento, sendo responsabilidade da igreja provê-lo. 1Co 9.3-14; . Portanto, as ofertas voluntárias também são usadas para compor o salário do pastor, provendo os recursos materiais necessários para que ele continue anunciando o Evangelho.

Por último, devemos analisar o dízimo no aspecto teológico que se exprime a convicção que tudo aquilo que se possuiu é fruto da bondade divina. Nessa linha deve ser lido o texto de Lucas 18,9-14, onde Jesus conta uma parábola que fala do dízimo praticado pelos fariseus no tempo de Jesus, que era meramente uma prática, sem nenhuma espiritualidade. O dízimo em si não é importante, mas significa uma das expressões possíveis do reconhecimento da existência de Deus nas nossas vidas. Além do mais Jesus nos ensina que o fundamental da Lei transmitida no Antigo Testamento é a Justiça, a misericórdia e a fidelidade.
Há quem diga que a expiação pelo Sangue de Jesus está acima do dízimo, porque o dízimo não salva ninguém. Podemos, concordar em partes, porque o dizimo não salva, entretanto a falta de devolver o dízimo nos condena e qualifica quem retém o dízimo como ladrão.
Pense comigo: A expiação é feita pelo sangue e não pelo Dízimo, isto é um fato. Porém, a falta da pratica do dízimo leva o crente cair no pecado de roubo. Como está escrito: Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. Malaquias 3:8-9.
O roubo descrito por Malaquias não consistia em tomar alguma coisa de Deus, como se ele precisasse dos frutos do trabalho dos homens, e sim de segurar algo que pertence a Deus e a sua igreja. Pode um ser humano roubar algo de Deus? No entanto estais me roubando! E ainda ousam questionar: ‘Como é que te roubamos?’ Ora, nos dízimos e nas ofertas! Estais debaixo de grande maldição, porquanto me roubais; a nação toda está me roubando.
Assim sendo, temos que ter em mente que a nossa principal motivação ao devolver o dízimo não é conseguir bênçãos materiais de Deus, mas expressar gratidão e adoração pelas dádivas recebidas devolvendo aquilo que pertence a Deus.
A bíblia diz: nem ladrões, nem avarentos, nem viciados em álcool ou outras drogas, nem caluniadores, nem estelionatários herdarão o Reino de Deus. 1 Coríntios 6:10.
Um ladrão sofisticado é aquele que é esperto o bastante para não ser preso. A pessoa que rouba a Deus pode se considerar sofisticada. Pode, pela esperteza, esconder sua desobediência e seu egoísmo dos outros e sair ileso. Como sabemos, não há um crime perfeito porque Deus sabe e vê todas as coisas, e Deus não se agrada daqueles que roubam a ele.
Os dízimos e as ofertas servem para tirar o egoísmo do nosso coração e nos ajudam a colocar nossa confiança não no dinheiro, mas em Deus (Lucas 12:15). Como resultado desse relacionamento de confiança, teremos mais sabedoria para administrar os 90% restantes, pois adquirimos uma perspectiva correta da nossa escala de valores, sabendo, assim, diferenciar o que é realmente essencial daquilo que é supérfluo. Também saberemos usar as coisas e amar as pessoas, jamais o contrário.
Podemos dizer que a expiação e dízimo andam juntos enquanto vivermos. O ladrão da cruz não precisou devolver o dízimo porque já estava no fim a sua vida. Mas, se ele fosse viver com certeza devolveria o dízimo e daria ofertas em gratidão a Deus pela sua vida e perdão de seus pecados.

O Dízimo é o segundo mandamento com promessa
Deus é bem claro ao dizer, que Honrar PAI e MÃE. Êxodo 20:12. É o primeiro mandamento com PROMESSA. Deus nos deu vários mandamentos, mas realmente honrar os pais é o primeiro mandamento que vem seguido de uma promessa para nossa vida, aliás, uma grande promessa:  Viver por muito tempo sobre a terra.
Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias [promessa 1], e para que te vá bem na terra que te dá o SENHOR teu Deus.” [promessa 2]. Deuteronômio 5:16.
Ele nos promete prolongar nossos dias, para que vivamos muito se obedecermos e honrarmos aos nossos pais, E todas as promessas de Deus se cumprem, Ele é Fiel para cumprir tudo que prometeu para nós.
Existe um segundo mandamento como promessa, e esse é o principal método que Deus usa hoje para derramar bênçãos espirituais e financeiras sobre o seu povo. Como lemos em Malaquias 3:8-11 : Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança. Também por amor de vós reprovarei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos Exércitos.
O Mandamento de Deus: Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, (versículo 10)
Deus firmou uma aliança de bênçãos com seu povo. ELE derramou as suas bênçãos sobre os israelitas e pediu-lhes que dessem o dízimo de tudo que possuíssem. O dízimo tornou-se uma semente preciosa, pela qual colhemos as bênçãos prometidas por DEUS.
A promessa do segundo mandamento: “fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança”. (versículo 10).
E eu vou repreender o devorador por amor de vós, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide lançará o seu fruto antes do tempo no campo, diz o Senhor dos Exércitos “(versículo 11).
No versículo seguinte, o Senhor nos dá a mais notável promessa:
E todas as nações vos chamarão bem-aventurados, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos” (versículo 12).
Nesta parte notável das Escrituras, encontramos o mandamento do Senhor para trazer “todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa.
O Senhor diz claramente para cada crente que o dízimo pertence a Ele e à Sua obra.

O Senhor mesmo nos desafia a testá-lo com promessa de prosperidade “Fazei prova de mim” (v. 10). Esta é a única vez nas Escrituras que o Senhor permite prova-lo.  O desafio de Deus é que você o PROVE. ELE quer que você faça um teste com ELE, para ver se a sua promessa é verdadeira.

Do meu ponto de vista, tirado de uma reflexão dos textos bíblicos, penso que ainda hoje o dízimo seja uma das expressões possíveis do modo de ser típico do cristão. Todavia ele deve ser expressão de gratidão, fé e uma forma de solidariedade que tenha como meta as pessoas excluídas da sociedade e não simplesmente uma retribuição pelo trabalho do padre ou pastor.
Porque pelo que observamos o dízimo está à cima da lei como ato de fé e gratidão a Deus por tudo que temos.

CONTINUA...

SHALOM ADONAY

JOSÉ ALFINYAHU
Professor, Th.M em bíblia e Th.D em Teologia Sistematica.

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